Em uma noite fria e chuvosa, apenas mais uma noite normal até aquele momento, estava voltando do trabalho, exausta a caminho de casa quando em uma encruzilhada, olho pela janela do carro e vejo um homem no canteiro, comecei a observá-lo, Sabe aqueles momentos em que parece que Deus toca a sua face para te mostrar a realidade da vida? Tu sentes a presença Dele, como se quisesse nos ensinar algo. Peguei-me abobalhada olhando-o, aquele simples homem andava em meio à chuva sem agasalho, sem guarda-chuva, nada que o protegesse do frio e da chuva, um sentimento de inutilidade invadiu meu ser, quando o vi simples apenas de blusa, bermuda e uma sandália, abraçando a si mesmo no intuito de se livrar do frio, abri o vidro por um instante e vi que realmente fazia muito frio. Senti-me envergonhada do simples fato de estar indo para casa, protegida da chuva, agasalhada do frio, indo jantar e dormir em uma cama quentinha e aconchegante. E aquele homem, como será sua noite, pensei. Minha vontade era descer e ir dar-lhe um agasalho, ou fazer qualquer outra coisa para ajudá-lo, mas não podia não tinha nada em mãos nada para dar-lhe. Baixei a cabeça em desespero pessoal, nada podia fazer e queria muito fazer algo. Foi um minuto eterno da minha vida, Senti que Deus estava ali me mostrando àquela cena. É surpreendente, mas eu nunca tinha visto algo parecido, foi a primeira vez que vi uma pessoa necessitada, a primeira vez que senti vergonha dos seres humanos, primeira vez que senti o horrível fato da inutilidade. E sem perceber estava em prantos, não conseguia conter minhas lágrimas, o sentimento era maior do que eu. Uma pessoa me acompanhava no carro, olhou-me e perguntou: “por que choras?”, ele não tinha visto tal absurdo, eu lhe respondi: “ vi um homem tentando com todas as forças fugir da chuva e entregue ao frio, sem conseguir se agasalhar e trajando vestes simples. Meu amigo surpreso por eu nunca ter visto algo tão comum hoje em dia me disse algo que soa em minha cabeça até hoje: “Estás vendo? E existem pessoas que não dão valor ao que tem, tem comida em sua mesa, um teto seguro onde se acolher e ainda reclama da vida” E aquele homem de que vai reclamar então? Se os que têm tudo sempre reclamam que querem mais, de os que não têm nada reclamam”? Senti-me extremamente envergonhada, pois sempre reclamava da vida, que era estressante, mas nunca tinha parado para pensar em tudo que tenho e sem muito esforço confesso. Pouca coisa conseguiu por mérito próprio e sei o gosto do orgulho que se sente. Precisamos dar mais valor à vida. Aquele homem sem nada, perdido, caminhando totalmente sem rumo, em busca de um horizonte perdido, me ensinou a lição mais valiosa da minha vida, mesmo sem saber que o fez. E que sigo a risca até hoje e tento passar a todos que estão ao meu redor. Viver e agradecer a Deus todos os dias pelo que somos e o que temos.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Como me sinto.
Eu me sinto como uma foto, em que sempre se repete, mas a aparência continua a mesma. Uma paisagem perfeita. Como em um cubículo de espelhos gritando e só o que vejo é o meu reflexo, só escuto meu próprio som trancado, abafado. Em um campo imenso cercado de mim mesma em gritos de desespero e muitas faces minhas a me olhar, sem saber o que fazer ou o que dizer. Penso milhares coisas ao mesmo tempo e de repente me dou conta de que não consigo pensar em nada, tudo está confuso. Estou perdida no fundo do oceano e preciso subir para pegar meu bote salva-vidas, mas estou ficando sem forças para chegar até em cima desse interminável oceano. E agora? Uma pergunta que se repete em minha mente e a resposta não vêm. Houve um bloqueio, uma enorme parede se fixou em minha frente e não consigo ultrapassá-la. A única vontade que tenho é de gritar, eu sei que não vai resolver, mas pelo menos alivia um pouco a angústia. Saudade, dor, sofrimento. E agora?
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