As pessoas sempre tentam se descobrir saber quem são, é uma busca constante saber quem se é realmente. E muito difícil de se chegar a uma decisão de si mesmo. Eu comecei essa busca meio tardiamente. Eu não sabia que se precisava ficar só para se ter auto-conhecimento. Eu buscava na opinião das outras pessoas quem eu realmente era. E mesmo assim, mesmo com todos os comentários de como os outros me viam, ainda assim havia um vazio dentro de mim. Eu sempre achei que não me encachava no mundo, que era um "peixinho fora dágua" e culpava as outras pessoas de não serem quem eu queria que fossem. As pessoas tentam se conhecer e assim o mundo ao seu redor faz sentido. Mas eu não tinha esse mundo, esse meu mundo, ou melhor, havia apenas o "meu mundo" em que eu me fechava e assim me sentia bem. E o que fazia era tentar trazer para dentro desse mundo que só eu conseguia enxergar, as pessoas que eu amava e que acreditavam em mim. E nessa luta constante contra mim mesma, machuquei muitas pessoas, machuquei pessoas que amo muito e que não gostaria de ver sofrer. Eu não entendia porque as pessoas não conseguiam se encaixar nesse "meu mundo". Por que, se tudo era tão perfeito? porque, se tudo era milimetricamente planejado? Por que as pessoas não se sentiam bem, se eu estava bem nesse "mundinho fechado"? Eu achava que os outros estavam errados em não gostar desse mundo. Eu achava que as pessoas que não conseguiam se adaptar a mim porque eu era diferente. Mas não era bem assim. Com ajuda de pessoas que me amam e que eu tenho imenso respeito e profundo amor, eu comecei a entender o que estava acontecendo. Se eu mesma não me conhecia, como queria que as pessoas descobrissem quem sou? Se eu mesma não me amava, como as pessoas poderiam me amar? Eu amava os outros, mas não a mim. Eu sempre me perguntava, porque os outros me magoam? Porque os outros não me compreendem? Mas na verdade eu magoava os outros, na verdade eu não me compreendia. E aprendi a tentar me conhecer da pior forma possível. Eu quebrava a cara e não aprendia, sempre tinha alguém para passar a mão na minha cabeça e dizer: Não faz mal, um dia tu aprende. Alguém, que muito me amava tentou me mostrar isso. Tentou de todas as formas que pode, foi duro, rígido, mas por que me amava e queria meu bem. Me deu amor e compreensão, eu achava que estava retribuindo isso, mas era egoísta demais para perceber que eu só pensava em mim e no "mundinho" que me era confortável. E um dia triste, porém o primeiro passo para minha vida real, eu precisei deixar que fosse, precisei deixar que vivesse, não o meu mundo, mas o mundo real...o qual merecia. E com todo sofrimento, deu-se inicio a minha vida real. Eu comecei a viver com 21 anos de idade. Meio louco eu sei, mas qual loucura não é real? E pela primeira vez eu fiquei só, perdi o conforto que tanto gostava e apenas, fiquei só. O que eu mais temia, mas do que a própria morte. Mas dai, eu comecei a curtir a minha própria companhia, comecei a ver que ficar só é muito bom, assim comecei a me conhecer, a ver realmente quem eu era. Não através dos olhos que eu sempre buscava, mas através de mim mesma, compreender a minha alma, os meus lamentos e as minhas alegrias. Comecei a me abrir para um mundo que já me esperava a muito tempo. Comecei a lutar pelo que eu sempre queria e nunca tive iniciativa. Comecei a ver, que eu sou capaz, que eu posso. Aprendi a me amar, a amar a pessoa que realmente sou. E quem sou eu? Bem, ainda busco essa resposta, mas de inicio conheci a alegria, extrovertida como sou, de repente aquela pessoa morta que não conhecia ninguém e era arrogante o suficiente para pensar que todos eram inferior, começou a conhecer pessoas impressionantes e saber lidar com pessoas que não querem simplesmente o bem dos outros. Aprendi a ter maldade, malícia. Aprendi que não se brinca com o sentimento dos outros, porque acaba doendo e fazendo mal a mim mesma. Enfim, desabrochei, comecei a viver. Fiz coisa errada? fiz sim, muita. Mas não me arrependo, assim vou aprendendo a viver. E aquela pessoa que tinha medo de ficar só e sair só e aprender só, de repente, sumiu. Me viro só, viajo só, aprendo só. Tenho ajuda? Sim, é sempre bom. Mas sempre eu escolho o que é melhor para mim. E não sei mais o que é ter medo de aprender só, é maravilhoso descobrir quem somos e aprender que podemos nos amar sem ser egoísta. E tenho uma grande ajuda dentro de mim, um amor que me faz cada dia mais querer ser uma pessoa melhor, cada dia mais aprender coisas novas, ser a melhor pessoa que puder para merecer esse amor que tenho em meu peito e que me faz tão bem. Um amor verdadeiro que me da forças para lutar por mim e pela minha vida e querer viver mais e mais a cada dia que passa. Eu quero conhecer o mundo, quero realizar meus sonhos e acima de tudo, quero cada dia mais ME conhecer, pois sou apaixonada por mim e me surpreendo a cada dia que passa descobrindo a pessoa incrível que sou. Pretensão? Pode ser, mas sempre temos que ter um pouco, não quer dizer que somos egoístas. Temos que nos amar e nos conhecer, para que as pessoas nos amem e queiram cada vez mais descobrir quem somos. Meus planos? A vida que sonho, auto-conhecimento sempre, ser melhor a cada dia, descobrir que posso ser cada vez melhor e com o coração repleto de amor, viver e viver. É o mais importante para mim, a vida em todas as suas dimensões. E esperar para que um dia possa ser digna o suficiente desse amor que sinto. Lutar? Sempre, lutar por mim, pela minha vida e pelos meus sonhos, nunca desistir. Mais uma qualidade minha: Persistência. E farei o que for preciso e irei onde tiver de ir, para conseguir o que preciso e a pessoa que ainda posso ser. Aprendi tudo? Não, tenho muito o que aprender ainda, sobre mim e sobre a vida, mas confesso que estou ansiosa para as descobertas que faço dia após dia. E assim continuar a minha busca de mim mesma.